Sumário
O que são dores no ombro?
As dores no ombro são uma das queixas musculoesqueléticas mais comuns entre adultos. Podem surgir de forma súbita ou gradualmente e interferem diretamente nas atividades diárias, como levantar objetos, dirigir ou até dormir. Essa dor pode variar entre leve incomodo até uma dor incapacitante e constante.
De maneira geral, as dores podem ser:
- ✔ Mecânicas: provocadas por esforço físico, lesões, ou má postura.
- ✔ Inflamatórias: como nas bursites ou tendinites.
- ✔ Referidas: quando a dor tem origem noutra região, mas é sentida no ombro — como no caso do diafragma, que explicaremos adiante.
Embora seja comum associar essas dores a traumas ou posturas inadequadas, uma origem menos explorada, mas extremamente relevante, está relacionada com a respiração e o funcionamento do músculo diafragma.

Principais causas das dores no ombro
As causas mais recorrentes incluem:
- Lesões musculares ou ligamentares — especialmente durante atividades físicas.
- Inflamação de estruturas — como bursite, tendinite ou capsulite adesiva.
- Artrose — desgaste das articulações com a idade.
- Compressão nervosa — como a síndrome do desfiladeiro torácico.
- Disfunções viscerais ou respiratórias — as mais comuns e a base da maioria das alterações. No entanto são as menos conhecidas e as que são menos relacionadas.
Neste artigo, vamos explorar com profundidade essa última e pouco conhecida causa: a disfunção do diafragma e sua ligação com o ombro.
Anatomia do ombro: Estrutura e função
O ombro é uma das articulações mais complexas do corpo humano, combinando mobilidade e força. Ele é formado por três ossos principais: a clavícula, a escápula e o úmero. Ao redor deles, há músculos e tendões que compõem o chamado coifa dos rotadores responsável por estabilizar e movimentar o ombro.
A sua função depende do equilíbrio entre os músculos estabilizadores (como os da escápula) e a liberdade de movimentos da coluna torácica. E aqui entra o protagonista menos lembrado: o diafragma.
O papel do diafragma na biomecânica corporal
O diafragma é o principal músculo da respiração, localizado logo abaixo dos pulmões. Mas o seu papel vai muito além da função respiratória: ele influencia diretamente a postura, estabilidade do tronco e até a mobilidade do ombro.
Relação entre diafragma e coluna torácica
O diafragma conecta-se à coluna torácica por meio de ligamentos e fáscias. Quando a sua função está comprometida — por má respiração, sedentarismo ou tensão emocional — ele pode afetar a mobilidade da coluna, causando compensações musculares que repercutem nos ombros.
Disfunção do diafragma e sobrecarga muscular
Um diafragma disfuncional obriga os músculos acessórios da respiração (como trapézio, escalenos e peitoral menor) a trabalharem mais. Isso gera tensão crónica, rigidez e até dor referida nos ombros. Ou seja, a dor pode não vir do ombro em si, mas de um esforço respiratório mal distribuído.
Respiração e postura: uma conexão vital
A forma como respiramos tem impacto direto na nossa postura, e por consequência, no funcionamento do nosso ombro. Uma respiração ineficiente pode alterar o alinhamento do tronco, restringir movimentos e criar zonas de tensão crónica nos ombros e pescoço.
Tipos de respiração: torácica vs. diafragmática
Respiração torácica: Utiliza os músculos do tórax e ombros para expandir os pulmões. Essa técnica é superficial e exige mais esforço, gerando sobrecarga nos ombros e pescoço.
Respiração diafragmática: Usa o diafragma de forma eficiente, promovendo uma expansão natural da barriga. Essa respiração é profunda, eficiente e relaxante, distribuindo melhor as tensões corporais.
Efeitos da respiração superficial nos ombros
A respiração curta e rápida, muito comum em situações de stresse, ativa músculos acessórios como os escalenos, peitoral menor e trapézio. Essa ativação constante, mesmo em repouso, contribui para:
- ✔ Rigidez muscular
- ✔ Alteração da postura
- ✔ Redução da mobilidade torácica
- ✔ Dor referida nos ombros e pescoço

Como a respiração incorreta gera dores no ombro
O corpo humano trabalha em cadeias musculares integradas. Quando respiramos mal, especialmente de forma torácica e superficial, criamos um padrão disfuncional que afeta todo o sistema musculoesquelético. Aqui está o que acontece:
- ✔ O diafragma perde sua função primária como principal músculo respiratório.
- ✔ Músculos secundários como trapézio e escalenos são recrutados constantemente.
- ✔ Esses músculos são ativados mesmo quando não deveriam, gerando fadiga e dor.
- ✔ A mobilidade da coluna torácica diminui, afetando diretamente o movimento do ombro.
- ✔ O corpo adota compensações posturais para “aliviar” essas tensões, piorando ainda mais o quadro.
A longo prazo, esse desequilíbrio leva à sobrecarga crónica nos ombros, podendo evoluir para condições inflamatórias como tendinites, bursites ou até lesões no coifa dos rotadores.
Sintomas relacionados a disfunções do diafragma
Quando o diafragma não funciona corretamente, os sintomas nem sempre se restringem à região torácica. Veja os mais comuns:
- ✔ Dores nos ombros (especialmente no trapézio superior)
- ✔ Dificuldade para respirar profundamente
- ✔ Fadiga muscular constante
- ✔ Sensação de peso nos ombros
- ✔ Má postura com ombros curvados para frente
- ✔ Tensão no pescoço e dor de cabeça
Esses sintomas podem ser confundidos com causas ortopédicas comuns, mas muitas vezes têm origem funcional, relacionada à mecânica respiratória.
Diagnóstico: como identificar se a dor no ombro tem origem respiratória
Nem sempre é fácil detectar a relação entre respiração e dor no ombro sem uma avaliação específica. Profissionais como fisioterapeutas, osteopatas podem aplicar testes como:
- ✔ Avaliação da mecânica respiratória: Observação de qual parte do corpo se move mais durante a respiração.
- ✔ Teste de libertação diafragmática: Pressão suave sobre o diafragma para avaliar sensibilidade e resposta muscular.
- ✔ Avaliação da postura – observação das alterações posturais, que possam indicar compensações.
- ✔ Palpação de músculos respiratórios acessórios: Como escalenos e peitoral menor.
- ✔ Testes de mobilidade torácica: Que podem demonstrar rigidez compensatória causada por disfunção respiratória.
Tratamentos eficazes para dores no ombro associadas ao diafragma
O tratamento deve focar tanto no alívio da dor quanto na correção da causa primária, ou seja, a função respiratória e a liberação do diafragma.
Libertação miofascial e terapia manual
Técnicas manuais como:
- ✔ Libertação do diafragma
- ✔ Relaxamento dos escalenos e trapézio superior
- ✔ Mobilização da coluna torácica
- ✔ Reeducação postural
Essas intervenções melhoram a circulação, mobilidade e equilíbrio muscular, contribuindo para o alívio imediato das dores no ombro.
Exercícios respiratórios para reeducação funcional
A reeducação respiratória é um pilar essencial no tratamento. Alguns exercícios incluem:
- ✔ Respiração abdominal com feedback tátil
- ✔ Exercícios de expansão torácica em decúbito
- ✔ Treino com bolas ou elásticos para mobilidade costal
- ✔ Técnicas de respiração consciente (mindfulness respiratório)
Esses métodos ajudam a restaurar a função natural do diafragma e reduzem o esforço dos músculos dos ombros.
Prevenção: como evitar dores no ombro através da respiração correta
A prevenção é simples, mas exige consciência corporal e prática diária:
- ✔ Evite respiração torácica acelerada, principalmente durante momentos de stresse.
- ✔ Pratique respiração diafragmática por 5 a 10 minutos por dia.
- ✔ Mantenha uma boa postura ao sentar-se, com a coluna ereta e os ombros relaxados.
- ✔ Alongue e fortaleça a musculatura da cintura escapular.
- ✔ Faça pausas regulares se trabalha muito tempo sentado.
- ✔ Evite carregar bolsas pesadas sempre no mesmo ombro.
Com essas medidas, você reduz a tensão crónica e evita o desenvolvimento de dores funcionais.

Casos clínicos e estudos sobre a conexão ombro-diafragma
Estudos recentes em fisioterapia e osteopatia funcional têm demonstrado a relação direta entre respiração disfuncional e dor musculoesquelética. Um estudo publicado no Journal of Bodywork and Movement Therapies (2022) mostrou que pacientes com dor crónica no ombro apresentavam padrão respiratório alterado e tensão no diafragma.
Casos clínicos relatam a melhora de sintomas em até 60% dos pacientes após técnicas de libertação diafragmática e reeducação respiratória.
FAQs sobre dores no ombro e o diafragma
1. É verdade que a dor no ombro pode vir do diafragma?
Sim. O diafragma disfuncional, pode afetar a postura e a musculatura acessória, gerando dores referidas nos ombros.
2. Como saber se a minha respiração está a prejudicar os meus ombros?
Se você respira muito pelo peito, sente tensão no pescoço e ombros ou não consegue respirar fundo, é provável que exista uma relação.
3. Posso tratar a dor no ombro apenas com exercícios respiratórios?
Exercícios respiratórios ajudam muito, mas o ideal é combiná-los com terapia manual e correção postural.
4. Quem trata esse tipo de dor funcional?
Fisioterapeutas e osteopatas.
5. Qual o melhor exercício para aliviar a dor no ombro causada pela respiração errada?
Respiração diafragmática deitada com foco na expansão abdominal é uma ótima opção inicial.
6. A dor no ombro por respiração errada pode se tornar crónica?
Sim. Quando não tratada, pode evoluir para tensões crónicas e até lesões estruturais.
Conclusão: Respire melhor, viva sem dores
As dores no ombro nem sempre estão ligadas a lesões diretas ou esforço físico. Muitas vezes, a origem está na base do nosso funcionamento corporal: a respiração. Um diafragma disfuncional pode gerar tensões, compensações e dores em regiões como ombros e pescoço.
A boa notícia é que, com conhecimento, diagnóstico correto e prática consciente, é possível tratar e até prevenir esse tipo de dor. Respirar corretamente é um ato simples, mas poderoso — e pode ser a chave para viver com mais liberdade de movimento e menos dor