Já ouviu certamente a expressão “Acordaste com os pés fora da cama!” referindo-se a alguém que esteja mau humorado. A sabedoria popular tem as suas razões…
A verdade é que é durante o sono que o nosso corpo recupera, em particular na fase Não REM (sono profundo fase 3 e 4). O sono tem a importante função de regeneração e preparação do corpo para o dia seguinte, bem como de memorização/aprendizagem (sono REM).
Quando a noite é “má”, por ser curta ou de má qualidade, ou por ter tido dificuldade em adormecer, ou por acordar frequentemente, ou por dificuldade em manter o sono, ou por ter o sono superficial, etc, a nossa tolerância e discernimento são claramente afectados. Porquê? Porque é durante a noite que o sistema linfático (sistema linfático da glia cerebral), faz a limpeza dos detritos cerebrais originados durante o dia pela sua função. Ora um cérebro “intoxicado” está irritável e pouco apto a tomada de decisões acertadas. Basta pensar nos efeitos devastadores que a privação de sono tem, tendo sido usada como uma estratégia de tortura de prisioneiros em vários países.
Além disso, a última revisão científica sobre o sono (2020) reforça a relação entre o sono e a dor no qual a presença de dor empobrece a qualidade de sono e a parca qualidade de sono aumenta a percepção de dor. Com dor ninguém está bem-humorado.
A má qualidade de sono está relacionada com aumento dos fatores de risco:
- Obesidade
- Cardiovascular
- Demência
- Diabetes
- Depressão
- Dor
- Aumento da mortalidade
Nos últimos 20 anos o sono tem sido finalmente alvo de estudos científicos em grande escala (mais de 2500). Porém, permanece uma das atividades diárias do ser humano menos conhecidas na sua total fisiologia, mas uma das mais impactantes para a qualidade de vida.
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