Dor Lombar e dor Cervical

Dor Cervical e Dor Lombar, Porquê? O que têm em comum?

Todos nós já tivemos dores cervicais ou dores lombares ou até ambas. No entanto nunca conseguimos perceber de onde é que surgem as dores, quer da região cervical quer da região lombar.

Quais e quanto tipos de dor existem?

Antes de referir quais as possíveis causas que podem levar às dores cervicais ou dores lombares, tem que se entender os principais mecanismos de dor neurofisiológica para se poder identificar o tipo de dor que está presente. Temos três tipos de dor e dentro destes temos os seus subtipos. Começando pela dor nociceptiva, é o tipo de dor mais comum, em que 70% dos pacientes vêm à clínica com este tipo de sintomatologia. A dor nociceptiva pode ser química inflamatória como por exemplo uma entorse ou uma rutura muscular, em que existe acumulação de células que vão atuar no local da dor e por isso o aparecimento de edemas ou a mudança da cor de pele é a resposta do organismo no momento da lesão. E temos a química não inflamatória que é o caso das “famosas” contraturas.

A dor neuropática, tem haver quando existe um compromisso neural, ou seja, poderá ser um compromisso a nível central, quer isto dizer a nível de compromisso medular, no caso de cancros benignos junto à coluna vertebral ou então a nível periférico, por exemplo uma síndrome do túnel cárpico.

Por fim, a dor nociplástica é a dor mais importante uma vez que estamos a falar de uma dor do tipo crónica, que envolve 3 fatores, tais como, fatores biológicos, sociais e emocionais estes fatores podem influenciar a recuperação de uma dor nociplástica.

Hipomobilidade e Hipermobilidade: Os Desencadeadores Ocultos de Dor

Em relação à semelhança da coluna cervical e lombar está relacionado com as suas curvaturas, ou seja, quer a cervical quer a lombar tem uma curvatura em que o lado concavo está para trás das costas e a parte convexa está para dentro, ao que chamamos lordose cervical e lombar, ao contrário da região dorsal em que temos uma cifose torácica. É nestas duas curvaturas de onde sai os principais ramos neurais periféricos e onde existem o aparecimento de hérnias discais uma vez que são zonas onde existe maior mobilidade da coluna ao contrário da região dorsal.

Isto leva nos para o conceito de hipomobilidade (é o nome que se dá a mobilidade diminuída, limitada ou completamente restrita.) e hipermobilidade (consegue realizar movimentos mais amplos que o normal nas articulações, principalmente mãos, ombros e joelhos.), em que normalmente as zonas de sintomatologia são a região cervical e lombar porque são regiões mais móveis, mas a causa da dor está nas regiões de hipomobilidade, nomeadamente, crânio, região dorsal e região sacroilíaca. São estas zonas com menor mobilidade e para compensarem essa sua falta de mobilidade vão originar dor nas zonas de hipermobilidade que são zonas que ficam em sobrecarga devido às articulações acima e abaixo dessa região.

Existem vários tipos de lesão que podem originar dores cervicais, como por exemplo, síndrome dos desfiladeiros, hérnias discais, cervicalgias, lesão de Whiplash, Disfunção de Articulação TemporoMandibular e Disfunção Diafragmática entre outros.

Para a origem de sintomatologia na região lombar, temos como exemplo, Disfunção a nível visceral e reprodutor, compressões neurais por hérnia discal, trigger points dos músculos psoas e quadrado lombar, hipomobilidade da região sacroilíaca e disfunção diafragmática entre outros.

É importante de notar que existem redflags que são comuns nas duas regiões que são os tumores, infecções, fratruras, radiculopatias e síndromes reumatológicos. Um paciente que tenha sintomas em que origem vem destas redflags é encaminhado de imediato para o hospital.

Em relação ao que foi supracitado, é de referir que existe uma disfunção que normalmente é desvalorizada e tanto os fisioterapeutas como os pacientes dão pouca atenção. Refiro me à disfunção do diafragma. O diafragma é o principal músculo inspiratório. A sua ação no nosso organismo é tão importante, como quando nascemos e quando falecemos é ele que faz com que tenhamos a primeira inspiração e a última expiração.

Para compreender o porque é que este musculo tem uma influência tão grande na região cervical e lombar temos que entender a sua anatomia. Este músculo tem forma de uma cúpula, inserido na região do tórax, apêndice xifoide e últimas vertebras lombares (L1-L3) e últimas 6 costelas.

Relacionando a região cervical com o diafragma, começando pelo nervo frénico é um nervo que sai das vértebras de C3 a C5 e vai inervar o diafragma, ou seja, se existem dores na região cervical uma das causas pode ser pelo facto de este musculo estar em hiperactividade ou não estar a ativar da maneira correta e faz com que seja dado um input ao nervo frénico e a sintomatologia vai aparecer na região da cervical.

A relação à hipomobilidade da região torácica tem com a cervical, uma vez que a falta de mobilidade nesta zona leva a uma sobrecarga da região cervical e aos músculos cervicais.

Á semelhança que o coração tem com o diafragma e por sua vez com a região cervical, ou seja, o coração através da veia cava inferior e os seus ligamentos, quando ocorre uma inspiração através da ação do diafragma existe abertura do forâmen onde passa esta veia o que facilita o fluxo sanguíneo em todo a região superior e membros superiores.

A Respiração Abdominal e seu Impacto no Sistema Nervoso

A correspondência que existe do diafragma com a região visceral, é de extrema importância porque o diafragma serve como motor hemodinâmico para todo o sistema visceral, aquando da sua ação de inspiração e expiração serve com bombeio para toda a região visceral e isso influencia indiretamente a cervical.

Passando agora a relação que existe do diafragma com a região lombar, temos a inervação do diafragma pelos nervos intercostais e a hipomobilidade da região torácica.

A ligação que o diafragma tem ao músculo iliopsoas e quadrado lombar, uma vez que são músculos que estão localizados na região lombar e tem uma influência direta tanto em sintomatologia lombar como no diafragma.

Por fim, a relação visceral que o diafragma tem como já foi referido anteriormente na região cervical, mas desta vez com uma enfase mais direta na região lombar. Uma vez que se houver sintomatologia lombar, o sistema visceral pode o causador dessa sintomatologia.

A Respiração Abdominal e seu Impacto no Sistema Nervoso

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